Caros leitores,
Abaixo, segue um roteiro de entrevista para publicação, para quem se interessar!
Seguem as questões referente a entrevista: (Cristh Lopes)
- Você
acredita que o mundo está diante de uma revolução industrial 4.0?
- A
digitalização substitui o trabalho humano ou otimiza sua produção?
- Como
conciliar a demanda por novas tecnologias à crise econômica?
- Há
espaço para inovação no mercado? De que forma a criatividade é afetada nesta
nova etapa?
Durante
uma palestra, o CEO da Siemens no Brasil Paulo Stark disse:
(...)
permite a evolução do ser humano. [Ele] deixa o trabalho manual e começa a
fazer [uma produção] intelectual.
(...)
deixará de ser um funcionário e passará a ser um colaborador.
- Não
seria, portanto, a noção de trabalho de Marx - fazer e
pensar - colocada em prática?
-
Quais as características do profissional do futuro?
Texto argumentativo do prof. Fernando Bueno:
Sim, certamente o mundo está sendo bombardeado por uma
revolução tecnológica e de informação. Digo que isso representa a evolução
competitiva que está alinhada com um novo padrão de demanda, mais restrito,
exigente, específico e buscando alternativas de consumo que sejam igualmente
qualitativas e com preços mais acessíveis. É uma tendência natural proveniente
dos avanços tecnológicos, sempre em busca de fatores competitivos, digo
diferenciação e inovação de produtos e otimização de processos, sobretudo,
relacionados a custos de produção. Lembre-se que o mundo hoje está em retração
econômica, o nosso pais aponta para isso também, ou seja, mais dificuldade para
vender e encontrar seu público alvo. Isso é condicionante para a revolução
tecnológica. Um cenário de muito conforto comercial não estimula os avanços
tecnológicos. É necessário um ambiente em franca mutação, apresentando
dificuldades socioeconômicas e norteado por uma camada de outros agentes
competidores para que as alternativas e soluções comerciais e produtivas sejam
apresentadas.
Em suma, o caos socioeconômico / ambiental (no caso, a crise
que se apresenta - econômica, hídrica, energia......) é a oportunidade
(combustível) para a geração de novas ideias e alternativas de natureza
tecnológica. O ser humano só tem a capacidade de mudar quando o problema bate à
sua porta e entra sem pedir licença. Nós reagimos as situações, não somos
capazes, por hora, de antecipar os problemas com soluções que poderiam resolver
ou amenizar tais situações. A sociedade empresarial caminha na mesma
direção....de forma mais pulverizada, seguindo os padrões capitalistas.
E a mão-de-obra, como
fica nesse ambiente de mutação tecnológica? Esse é um tema amplo que exige
alguns parâmetros e relações pontuais.
Em suma, está ocorrendo uma mudança quanto a forma e a
necessidade da MO, isto é fato. Analisando pelo campo empírico da questão, para
não dizer platônico, direi que representa uma mudança no padrão da MO. Estamos
deixando de ser uma sociedade com perfil de trabalho manual para ser mais
pensante. É o retrato de um cenário movido pela revolução 4.0. EX: menos caixas
físicos nos bancos e mais caixas eletrônicos. Conclusão técnica: o banco
emprega menos trabalhador manual, mas em contrapartida, quantos funcionários
são necessários para manter uma rede de dados em pleno funcionamento e com
segurança?
Certamente, muitos é claro...e com mudança no perfil de
trabalho. Isso é valido no centro urbano, mas ainda assim é um desafio para
nós, brasileiros. E no campo? Uma máquina de colheita, substitui quantos
trabalhadores rurais? A dimensão da solução e também do problema é outra, com
certeza. Eu quero dizer que essa questão da mudança de perfil da MO deve ser
vista de forma diferente quando analisada sob os aspectos geográficos
(territoriais) e econômicos de cada região, pais, distrito enfim....
O que representa uma mudança de perfil de MO na Alemanha? Há
um suporte para uma readequação dessa MO para outras atividades? Pense e
conclua!!!
E aqui no Brasil, como se dá essa mudança dada essas
diferenças estruturais que acometem nossa região? Não precisamos ir
longe...pense em SP e no interior da Bahia? Dentro de um mesmo país, vemos
cenários completamente distintos. Como será realocar uma sociedade com esse
nível de déficit educacional para novas atividades? Com essa política de
desenvolvimento? Mesmo em SP, presenciei situações em que grandes corporações
não conseguiam encontrar MO qualificada para determinadas funções mais
estratégicas e pensantes...isso reafirma a lógica de que há uma mudança do
perfil da MO, mas os desafios em nosso pais são enormes para que isso se
materialize em bem-estar e evolução social. Damos muito valor a quantidade e
pouco na qualidade. Aquele que caminha à margem disso, certamente, terá êxito
em suas perspectivas.
O que é Inovar??? Significa desenvolver novos (inéditos)
produtos e/ou processos ou alterar significativamente as funções iniciais em
resposta a uma necessidade e desejo mercadológico (essa necessidade pode ser
reativa ou por antecipação). Importante: somente se configura inovação, quando
o mercado compra (absorve) o produto, objeto da inovação, caso contrário, configura-se
apenas como invenção. O mercado determina se é ou não inovação...é a força do
capital. Uma sociedade inventora apenas, sem materialização de resultados
reais, não traz benefícios capitalistas.....Destaco os principais tipos de
inovações existentes, são eles; produtos, processos, organizacional e serviços.
Para qualquer modelo inovativo, a criatividade é a percursora.
A criatividade é um dom que passa por condições e preparo educacional para que
se alinhe as necessidades reais de uma demanda. Respondendo a sua pergunta: Há
espaço para a inovação neste mercado? Sim...sem dúvida, como eu disse, somente
sobreviverão em épocas de readequação econômica aqueles que saírem de sua zona
de conforto e buscarem novas alternativas para atrair seus consumidores.
Entretanto, a criação faz parte de um projeto de alinhamento entre as
habilidades técnicas e humanas desenvolvidas e o DOM de cada um em criar.
Estamos diante de um contexto em que temos muitos criadores por vocação, mas
pouca estrutura para transformar criações em realidades funcionais. Eu digo,
temos invenções, mas temos desafios enormes para transformar em inovações no
campo de produtos e processos. Já no campo onde a criatividade ocupa um espaço
um pouco maior em relação ao capital / estrutura (dependência menor), temos
bons resultados, como nos casos do Marketing e Serviços. Afirmo que somos uma
sociedade criativa, empreendedora mas que nossa estrutura geral não colabora nesse
sentido.
Penso que depois do exposto, as afirmações do CEO da Siemens
possam ser discutidas com mais base real e menos discurso político e para
mídia.
Quais as características do profissional do futuro? Depende!!
Na Alemanha, nos EUA, Na Grécia, No Brasil.....Em Sergipe ou salvador...em SP??
Os cenários e as estruturas políticas,
econômica, social, tecnológica determinam (ou influenciam) isso. E a
regionalização das necessidades e estruturas que condicionam o profissional.
Alguns elementos são agregadores, seja qual for a estrutura: Criatividade,
iniciativa, percepção e adaptabilidade e, sobretudo, extrema capacidade de
assumir funções – polivalência funcional.
Salvador, 15/10/2015
Prof. Me. Fernando
Bueno
Mestre em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, foco em políticas públicas e
tecnológicas
MBA em Finanças
Graduado em
Administração de empresas
Consultor empresarial
e professor de pós-graduação (FATEC, UNIP, USF, UNIFACs-BA e etc)
Palestrante e escritor