sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Responsabilidade social corporativa: uma análise crítica

Penso que a responsabilidade social é realmente uma grande oportunidade de negócios, não seria? Seria um nicho de mercado para o mundo capitalista? Precisamos pensar um pouco em cima de todo esse contexto social tão desejado e tão bem explorado.
O cenário me parece claro. Enquanto o Estado social e ambiental permite, por razões estruturais e hora por razões conjunturais, um deslocamento de suas responsabilidades para as mãos do poder privado, estará possibilitando, ainda que indiretamente e muitas vezes por não ter alternativa, a exploração do poder privado dessa importante dimensão do desenvolvimento: o social. Partindo da premissa que a responsabilidade social é fazer o bem sem contrapartida financeira direta e mais, significa a capacidade em dar respostas aos diversos problemas sociais, deixo uma questão no ar: será que o poder privado possui enraizado em seu DNA corporativo a essência da responsabilidade social? Será que uma empresa exercerá a tal responsabilidade social sem que haja, efetivamente, um retorno de cunho financeiro? Claro que não ou você acredita em papai Noel? Sem um resultado mensurável do ponto de vista financeiro, como aumento da participação de mercado, melhoria da imagem corporativa perante a sociedade e a mídia ou mesmo a partir de uma lucratividade de curto prazo, quase nenhuma corporação se interessaria pelas questões sociais, infelizmente. 90% daquilo que vemos é marketing social puro.
Onde está a essência da responsabilidade social? Certamente, sempre haverá uma relação custo-benefício envolvida. A questão é definir com ética e responsabilidade o que é responsabilidade e o que é marketing social. Seguramente, os dois podem e devem, no meio corporativo, caminhar juntos, porém, com base nos princípios éticos e morais que regem a responsabilidade social. Não há mal algum em divulgar tais ações sociais no intuíto de evidenciar uma imagem responsável e conscientizar/atender a sociedade. Entretanto, quando tais ações efetivas são insuficientes perante os grandes investimentos em marketing - entende-se ferramentas promocionais - devemos questionar a ética e a moral de tais corporações.
Responsabilidade social não é marketing. Este é o principio que devemos entender antes de concebermos os planos sociais corporativos.