Neoliberalismo: um convite à reflexão!
Fernando Bueno[1]
Publicação: Jornal Tribuna Impressa – Araraquara
Em 12/11/08 – Ano 12, nº3631, P. 04
Toda tormenta configura-se como uma ótima oportunidade para reflexões. Pobre homem, que precisa se afundar em seu próprio mar de lama para pensar sobre os efeitos de suas ações. Poderia ser diferente, não é? Será que existe nesse tal sistema neoliberal um pouco de inteligência? Ou o problema não seria exatamente do sistema e sim do homem que comanda o mesmo? Os economistas clássicos defendiam uma postura liberal indicando que o próprio mercado atingiria seu equilíbrio apostando em uma igualdade social e econômica. A natureza humana que alimentaria um processo de produção, movido pelos fatores terra, capital e trabalho, regularia o sistema econômico trazendo benefícios à sociedade. Caros leitores, a economia evoluiu assim como os mecanismos de ajuste de mercado. O homem também evoluiu em suas ações. Precisamos entender se a evolução do homem-econômico foi benéfica ou não para o atual cenário mercadológico.
O pensamento liberal do século XVIII alimentou o neoliberalismo de hoje. Trata-se de uma postura globalizada em que se defende a não intervenção do Estado nas economias de mercado. A crise mundial provocada pela equivocada articulação dos fluxos financeiros ocorreu devido às posturas neoliberais. Deixe o mercado agir, pois ele sabe o que é bom para a sociedade, não é? Será que o homem capitalista pensa nos efeitos de suas ações para com a sociedade?
A responsabilidade socioeconômica do pensamento neoliberal deve ser questionada. Não sou eu quem aponta isso e sim a crise financeira mundial. Deixar um sistema financeiro por conta de decisões unilaterais do mercado dominante é um risco enorme. No século XVIII o sistema econômico tinha outro formato, mas evoluiu assim como os mecanismos de controle devem evoluir também.
Na reunião do G-20, vários aspectos relacionados à intervenção do Estado no sistema financeiro estão sendo discutidos, sobretudo, pelos emergentes (inclui-se o Brasil). Mas não devemos nos iludir, ainda existem enormes barreiras neoliberais diante de posturas mais reguladoras. Convido os leitores para uma reflexão: a crise não é uma prova da incompetência planejada do mercado em gerir seu próprio ambiente de negócios – postura neoliberal? Portanto, não seria um contra-senso dizer que posturas “mercadistas” configuram-se como a salvação do sistema financeiro mundial?
Todo esse problema foi gerado pela falta de controle e fiscalização dos Estados. O mercado, ao contrário do que diziam os economistas clássicos, não tem a capacidade (responsabilidade socioeconômica) de conduzir um sistema com dimensões igualitárias. A busca por competitividade e maior participação de mercado, condiciona o homem capitalista a maximizar as diferenças e aumentar as desigualdades. Penso que poderia ser diferente, mas não é.
Diante desse contexto, entendo que o mercado é falho, mas necessário para a articulação dos ciclos econômicos (produção/renda/consumo...). No entanto, são nessas lacunas falhas do mercado que o Estado deve intervir. Deve haver uma atuação complementar (mútua) entre Estado e mercado. Não há como o Estado se manter a distância diante das ações neoliberais. É fato que o mundo está sentindo os resultados da falta de regulamentação.
Fernando Bueno[1]
Publicação: Jornal Tribuna Impressa – Araraquara
Em 12/11/08 – Ano 12, nº3631, P. 04
Toda tormenta configura-se como uma ótima oportunidade para reflexões. Pobre homem, que precisa se afundar em seu próprio mar de lama para pensar sobre os efeitos de suas ações. Poderia ser diferente, não é? Será que existe nesse tal sistema neoliberal um pouco de inteligência? Ou o problema não seria exatamente do sistema e sim do homem que comanda o mesmo? Os economistas clássicos defendiam uma postura liberal indicando que o próprio mercado atingiria seu equilíbrio apostando em uma igualdade social e econômica. A natureza humana que alimentaria um processo de produção, movido pelos fatores terra, capital e trabalho, regularia o sistema econômico trazendo benefícios à sociedade. Caros leitores, a economia evoluiu assim como os mecanismos de ajuste de mercado. O homem também evoluiu em suas ações. Precisamos entender se a evolução do homem-econômico foi benéfica ou não para o atual cenário mercadológico.
O pensamento liberal do século XVIII alimentou o neoliberalismo de hoje. Trata-se de uma postura globalizada em que se defende a não intervenção do Estado nas economias de mercado. A crise mundial provocada pela equivocada articulação dos fluxos financeiros ocorreu devido às posturas neoliberais. Deixe o mercado agir, pois ele sabe o que é bom para a sociedade, não é? Será que o homem capitalista pensa nos efeitos de suas ações para com a sociedade?
A responsabilidade socioeconômica do pensamento neoliberal deve ser questionada. Não sou eu quem aponta isso e sim a crise financeira mundial. Deixar um sistema financeiro por conta de decisões unilaterais do mercado dominante é um risco enorme. No século XVIII o sistema econômico tinha outro formato, mas evoluiu assim como os mecanismos de controle devem evoluir também.
Na reunião do G-20, vários aspectos relacionados à intervenção do Estado no sistema financeiro estão sendo discutidos, sobretudo, pelos emergentes (inclui-se o Brasil). Mas não devemos nos iludir, ainda existem enormes barreiras neoliberais diante de posturas mais reguladoras. Convido os leitores para uma reflexão: a crise não é uma prova da incompetência planejada do mercado em gerir seu próprio ambiente de negócios – postura neoliberal? Portanto, não seria um contra-senso dizer que posturas “mercadistas” configuram-se como a salvação do sistema financeiro mundial?
Todo esse problema foi gerado pela falta de controle e fiscalização dos Estados. O mercado, ao contrário do que diziam os economistas clássicos, não tem a capacidade (responsabilidade socioeconômica) de conduzir um sistema com dimensões igualitárias. A busca por competitividade e maior participação de mercado, condiciona o homem capitalista a maximizar as diferenças e aumentar as desigualdades. Penso que poderia ser diferente, mas não é.
Diante desse contexto, entendo que o mercado é falho, mas necessário para a articulação dos ciclos econômicos (produção/renda/consumo...). No entanto, são nessas lacunas falhas do mercado que o Estado deve intervir. Deve haver uma atuação complementar (mútua) entre Estado e mercado. Não há como o Estado se manter a distância diante das ações neoliberais. É fato que o mundo está sentindo os resultados da falta de regulamentação.
[1] Professor de economia e administração; mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente; e-mail: prof.fernandobueno@isbt.com.br
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