quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Texto argumentativo (artigo acadêmico)

Caros leitores,

Abaixo, segue um roteiro de entrevista para publicação, para quem se interessar!


Seguem as questões referente a entrevista: (Cristh Lopes)
- Você acredita que o mundo está diante de uma revolução industrial 4.0?
- A digitalização substitui o trabalho humano ou otimiza sua produção?
- Como conciliar a demanda por novas tecnologias à crise econômica?
- Há espaço para inovação no mercado? De que forma a criatividade é afetada nesta nova etapa?

Durante uma palestra, o CEO da Siemens no Brasil Paulo Stark disse:
(...) permite a evolução do ser humano. [Ele] deixa o trabalho manual e começa a fazer [uma produção] intelectual. 
(...) deixará de ser um funcionário e passará a ser um colaborador. 

- Não seria, portanto, a noção de trabalho de Marx - fazer e pensar - colocada em prática?

- Quais as características do profissional do futuro? 

Texto argumentativo do prof. Fernando Bueno:

Sim, certamente o mundo está sendo bombardeado por uma revolução tecnológica e de informação. Digo que isso representa a evolução competitiva que está alinhada com um novo padrão de demanda, mais restrito, exigente, específico e buscando alternativas de consumo que sejam igualmente qualitativas e com preços mais acessíveis. É uma tendência natural proveniente dos avanços tecnológicos, sempre em busca de fatores competitivos, digo diferenciação e inovação de produtos e otimização de processos, sobretudo, relacionados a custos de produção. Lembre-se que o mundo hoje está em retração econômica, o nosso pais aponta para isso também, ou seja, mais dificuldade para vender e encontrar seu público alvo. Isso é condicionante para a revolução tecnológica. Um cenário de muito conforto comercial não estimula os avanços tecnológicos. É necessário um ambiente em franca mutação, apresentando dificuldades socioeconômicas e norteado por uma camada de outros agentes competidores para que as alternativas e soluções comerciais e produtivas sejam apresentadas.
Em suma, o caos socioeconômico / ambiental (no caso, a crise que se apresenta - econômica, hídrica, energia......) é a oportunidade (combustível) para a geração de novas ideias e alternativas de natureza tecnológica. O ser humano só tem a capacidade de mudar quando o problema bate à sua porta e entra sem pedir licença. Nós reagimos as situações, não somos capazes, por hora, de antecipar os problemas com soluções que poderiam resolver ou amenizar tais situações. A sociedade empresarial caminha na mesma direção....de forma mais pulverizada, seguindo os padrões capitalistas.
 E a mão-de-obra, como fica nesse ambiente de mutação tecnológica? Esse é um tema amplo que exige alguns parâmetros e relações pontuais.
Em suma, está ocorrendo uma mudança quanto a forma e a necessidade da MO, isto é fato. Analisando pelo campo empírico da questão, para não dizer platônico, direi que representa uma mudança no padrão da MO. Estamos deixando de ser uma sociedade com perfil de trabalho manual para ser mais pensante. É o retrato de um cenário movido pela revolução 4.0. EX: menos caixas físicos nos bancos e mais caixas eletrônicos. Conclusão técnica: o banco emprega menos trabalhador manual, mas em contrapartida, quantos funcionários são necessários para manter uma rede de dados em pleno funcionamento e com segurança?
Certamente, muitos é claro...e com mudança no perfil de trabalho. Isso é valido no centro urbano, mas ainda assim é um desafio para nós, brasileiros. E no campo? Uma máquina de colheita, substitui quantos trabalhadores rurais? A dimensão da solução e também do problema é outra, com certeza. Eu quero dizer que essa questão da mudança de perfil da MO deve ser vista de forma diferente quando analisada sob os aspectos geográficos (territoriais) e econômicos de cada região, pais, distrito enfim....
O que representa uma mudança de perfil de MO na Alemanha? Há um suporte para uma readequação dessa MO para outras atividades? Pense e conclua!!!
E aqui no Brasil, como se dá essa mudança dada essas diferenças estruturais que acometem nossa região? Não precisamos ir longe...pense em SP e no interior da Bahia? Dentro de um mesmo país, vemos cenários completamente distintos. Como será realocar uma sociedade com esse nível de déficit educacional para novas atividades? Com essa política de desenvolvimento? Mesmo em SP, presenciei situações em que grandes corporações não conseguiam encontrar MO qualificada para determinadas funções mais estratégicas e pensantes...isso reafirma a lógica de que há uma mudança do perfil da MO, mas os desafios em nosso pais são enormes para que isso se materialize em bem-estar e evolução social. Damos muito valor a quantidade e pouco na qualidade. Aquele que caminha à margem disso, certamente, terá êxito em suas perspectivas.
O que é Inovar??? Significa desenvolver novos (inéditos) produtos e/ou processos ou alterar significativamente as funções iniciais em resposta a uma necessidade e desejo mercadológico (essa necessidade pode ser reativa ou por antecipação). Importante: somente se configura inovação, quando o mercado compra (absorve) o produto, objeto da inovação, caso contrário, configura-se apenas como invenção. O mercado determina se é ou não inovação...é a força do capital. Uma sociedade inventora apenas, sem materialização de resultados reais, não traz benefícios capitalistas.....Destaco os principais tipos de inovações existentes, são eles; produtos, processos, organizacional e serviços.
Para qualquer modelo inovativo, a criatividade é a percursora. A criatividade é um dom que passa por condições e preparo educacional para que se alinhe as necessidades reais de uma demanda. Respondendo a sua pergunta: Há espaço para a inovação neste mercado? Sim...sem dúvida, como eu disse, somente sobreviverão em épocas de readequação econômica aqueles que saírem de sua zona de conforto e buscarem novas alternativas para atrair seus consumidores. Entretanto, a criação faz parte de um projeto de alinhamento entre as habilidades técnicas e humanas desenvolvidas e o DOM de cada um em criar. Estamos diante de um contexto em que temos muitos criadores por vocação, mas pouca estrutura para transformar criações em realidades funcionais. Eu digo, temos invenções, mas temos desafios enormes para transformar em inovações no campo de produtos e processos. Já no campo onde a criatividade ocupa um espaço um pouco maior em relação ao capital / estrutura (dependência menor), temos bons resultados, como nos casos do Marketing e Serviços. Afirmo que somos uma sociedade criativa, empreendedora mas que nossa estrutura geral não colabora nesse sentido.    
Penso que depois do exposto, as afirmações do CEO da Siemens possam ser discutidas com mais base real e menos discurso político e para mídia.
Quais as características do profissional do futuro? Depende!! Na Alemanha, nos EUA, Na Grécia, No Brasil.....Em Sergipe ou salvador...em SP??  Os cenários e as estruturas políticas, econômica, social, tecnológica determinam (ou influenciam) isso. E a regionalização das necessidades e estruturas que condicionam o profissional. Alguns elementos são agregadores, seja qual for a estrutura: Criatividade, iniciativa, percepção e adaptabilidade e, sobretudo, extrema capacidade de assumir funções – polivalência funcional.

Salvador, 15/10/2015

Prof. Me. Fernando Bueno
Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, foco em políticas públicas e tecnológicas
MBA em Finanças
Graduado em Administração de empresas
Consultor empresarial e professor de pós-graduação (FATEC, UNIP, USF, UNIFACs-BA e etc)
Palestrante e escritor 

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